DOMESTICAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS

Autores

  • Junior, I. MONTANARI Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas de Universidade Estadual de Campinas (CPQBA-UNICAMP)

Palavras-chave:

Domesticação, Cultivo, Plantas Medicinais

Resumo

Apesar da sua importância, apenas algumas espécies medicinais brasileiras são produzidas de forma sustentável e com a qualidade requerida para a fabricação de medicamentos. Ocorre que a quase totalidade das plantas medicinais brasileiras que são encontradas no mercado não vêm de cultivos, mas de coletas feitas na natureza, do extrativismo. Isto tem comprometido as populações naturais, colocando várias espécies, como a espinheira santa (Maytenus ilicifolia), a carqueja (Baccharis trimera) e a pfaffia (Pfaffia glomerata) em listas vermelhas, ou seja, listas de plantas ameaçadas. O cultivo de plantas medicinais garante a qualidade da matéria-prima, porque permite que se controle o ambiente, as características genéticas da população sob cultivo, o estágio de desenvolvimento das plantas no momento da colheita e as operações de pós-colheita, que são os quatro fatores que influenciam o padrão de uma matéria-prima vegetal. Além disso, o cultivo garante a produção do produto acabado, pois as empresas que transformarão a matéria-prima em medicamento podem prever que quantidade, regularidade e padrão de matéria-prima com que irão trabalhar. Porém não é simples cultivar plantas selvagens, pois a variabilidade genética intrínseca às populações selvagens gera problemas no cultivo. Plantas não domesticadas possuem dormência, deiscência, ciclos vegetativos variáveis, tamanhos diferentes, arquitetura variável, teores de princípios ativos variáveis, apresentam diferentes respostas ao manejo agrícola adotado, etc., gerando inúmeros problemas que dificultam enormemente o cultivo. Por esta razão é preciso domesticar estas plantas, criar cultivares (variedades cultiváveis) antes de cultivá-las. Neste sentido, o CPQBA-UNICAMP vem desenvolvendo programas de domesticação com várias espécies brasileiras. Como resultados, foram criadas cultivares de carqueja (Baccharis trimera), de macelinha (Achyroclines satureioides), de estevias (Stevia rebaudiana). Com a criação destas cultivares, oferece-se ao agricultor novas opções agrícolas e beneficia-se toda a cadeia produtiva de fitoterápicos.

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Publicado

01/04/2016