ENEM EM LIBRAS E A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA PELO OLHAR DOS SURDOS

Autores

  • Sueli Fioramonte TREVISAN Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
  • Vanessa Regina de Oliveira MARTINS Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Palavras-chave:

Enem, Libras, Gênero textual

Resumo

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a mais expressiva avaliação do Brasil. Ele se coloca como porta de entrada em diversos cursos e universidades no nosso país. A partir de 2017 esse exame teve a tradução da prova, que é em português, para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), servindo como recurso de acessibilidade para atender ao direito linguístico das pessoas surdas sinalizadoras. Queremos nesse artigo abordar questões voltadas ao Enem e a acessibilidade linguística dele para os surdos por meio dos resultados de uma pesquisa de trabalho de conclusão de curso no Bacharelado em Tradução e Interpretação em Libras e Língua Portuguesa (TILSP), realizado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O trabalho analisou por meio da fala de participantes surdos, se a nova proposta do Enem foi suficiente para assegurar igualdade de condições de ingresso deles no ensino superior. Na pesquisa os dados apontaram para a ausência de práticas educativas contemplando avaliações em Libras na educação básica, o que impediu o sucesso de realização do Enem. Para as análises fizemos uso das teorias de Bakhtin, Vygotsky e de autores dos Estudos Surdos. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa de natureza exploratória e descritiva com estudo de caso, com entrevistas semiestruturadas. Embora os participantes surdos indicassem dificuldades da realização da prova e falta de repertório conceitual para fazê-la, demonstram também a satisfação de ter o exame traduzido na sua língua. Os relatos de dificuldades na educação básica e a ausência de provas em Libras foram pontos de destaques dos entraves para seu sucesso no Enem. A pesquisa apontou a necessidade de revisão das bases educacionais para uma efetiva inclusão educacional das pessoas surdas, ampliando suas práticas e experiências enunciativas em Libras. A mudança curricular com práticas bilíngues produzirá efetiva inserção dos surdos no ensino superior e consequentemente a acessibilidade linguística que almejam.

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Publicado

01/10/2020